quinta-feira, 18 de julho de 2013

Romantismo - poesia

ROMANTISMO
Foi um movimento artístico cultural que surgiu na Alemanha e na Inglaterra no final do século XVIII, se espalhando por toda a Europa, predominando até a metade do século XIX. Em Portugal ele surgiu em 1825 e no Brasil a sua primeira aparição foi em 1836.
Então, o Romantismo é uma tendência geral da vida e da arte.
Quando o Romantismo apareceu, a Europa estava sofrendo mudanças, o Absolutismo estava dando ligar ao Liberalismo, sendo que o individualismo tornou-se um valor essencial para a sociedade.
A Revolução Industrial gerou novos inventos para facilitar a produção, formando trabalhadores com capacidades específicas.
Todos estes fatores propiciaram o aparecimento do Romantismo, que era baseado no individualismo, na liberdade de expressão e de criação, fugindo de padrões preestabelecidos.
De início os artistas deste movimento aceitaram às ideias da burguesia, mas com o passar do tempo eles apresentaram descrença e frustração com a realidade apresentada pelo espírito burguês. Por este motivo o Romantismo apresenta, às vezes, características contraditórias.
O Romantismo não é um movimento uniforme e apresenta como componentes criativos a paixão, a emoção e a liberdade, sendo todos relacionados com a subjetividade.
Principais características:
- Liberdade de criação: neste estilo foi descartada a volta ao clássico (arcadismo), o artista tentava expressar os seus sentimentos, demonstrando a sua personalidade. Para verificar este desprendimento com os estilos que seguiam uma fórmula, devemos sempre comparar o texto romântico com um texto anterior, para que possamos verificar a mudança de estilo.
- Sentimentalismo: diferente do arcadismo, no qual o artista expressa a realidade através da razão, no Romantismo, ele expressa os seus sentimentos. Então é o sentimento de cada um que determina a importância ou não das coisas.
- Supervalorização do amor: o amor é considerado como a coisa mais importante da vida, contrapondo com o pensamento da burguesia. Se o amor fosse perdido, a vida estava perdida, então o aparecimento da loucura, morte ou suicídio são frequentes nas obras deste movimento.
- Idealização da mulher: como a mulher é o objeto da paixão, ele aparece cultuada e muitas vezes aparece envolta em um ar de mistério.
- Mal-do-século: é a contradição entre a busca da perfeição e a incapacidade de ser atingida, pois somo humanos. Esta contradição gera a angústia. Também aparece o desajuste do indivíduo na sociedade burguesa, que aparece muito prática em contraponto com os sentimentos exacerbados dos românticos, desse desajuste social aparecem:
* pessimismo em relação à sociedade e a si mesmo;
* prazer em sentir-se melancólico e triste;
* busca do isolamento, da solidão.
Para buscar saídas para esses sentimentos, os personagens das obras desenvolvem mecanismos de evasão da realidade.
- Evasão: o personagem retorna ao passado da sua vida ao do seu país.
Com a volta ao passado do seu país, o romântico redescobre a idade média, pois ela apresenta uma estabilidade social e política. Ocorre o aparecimento frequente de cavaleiros e monges. Com essa volta ao passado, resulta o nacionalismo.
Também reaparece a religiosidade, derivada da volta à Idade Média.
Pela parte pessoa, no Romantismo ocorre a saudade e a supervalorização da infância e do estado selvagem.
De uma forma geral, ocorre a tentativa de buscar um lugar ainda inocente, então a natureza aparece como um refúgio para os personagens.
Também como outra forma de evasão da realidade, o sonho ou o devaneio aparecem como substitutos para a vida real.
Como forma mais extrema de fuga da realidade, existe a morte.
- Escolha de heróis grandiosos: retoma a vida de personagens, que na sua época foram incompreendidos pela sociedade.
- Aceitação do mistério: aparece a aceitação do inexplicável, do mistério, do fantástico e do sobrenatural.
ROMANTISMO EM PORTUGAL
Portugal não se isolou dos acontecimentos que ocorriam na Europa, então o Romantismo seria incorporado na sua cultura em um breve espaço de tempo.
O espírito liberal também tomou conta do país, devido:
-substituição da monarquia absolutista por um liberal;
- vinda da família real para o Brasil;
- independência do Brasil;
- nova constituição liberal promulgada em 1822;
Na parte literária os fatos que podemos considerar como o início e o fim do movimento em Portugal são:
Em 1825 é publicado o poema Camões, que narra de uma forma sentimental a vida do poeta renascentista.
Em 1865 ocorre a Questão Coimbra, que foi uma polêmica intelectual que envolvia escritoras românticos e novatos.
Almeida Garret (1799-1854)
Nasceu em Portugal, depois que a constituição de 22 foi abolida por um golpe da aristocracia, teve que se exilar na Inglaterra.
De uma relação de adultério com a viscondessa da Luz, é formada a sua obra principal, Folhas caídas.
Principais obras de poesia:
Camões
Dona Branca
Folhas caídas
Poesia:
Viagens na minha terra
Arco de Santana
Teatro:
Frei Luís de Souza
Além de ter renovado o teatro, ele incorporou o espírito nacionalista nas suas obras.
Alexandre Herculano (1810-1877)
Assim co m Garret, viveu uma parte da sua vida no exílio.
Na sua obra estão presentes a volta à Idade Média, então aparece a religiosidade e a formação da nação portuguesa.
Principais obras:
Poesia:
A harpa do crente
Prosa:
O bobo
Eurico, o presbítero
O monge de Cister
Lendas e narrativas
História de Portugal
A sua obra principal é Eurico, o presbítero, que narra a reconquista, no século VIII, do território português, também aborda o celibato dos padres.
Camilo Castelo Branco (1825-1890)
Depois de abandonar a primeira mulher, ela raptou uma mulher casada e foi viver com ela. Acusa de bigamia, foi preso. Mais tarde viveu aventuras de amor com outra mulher casada, uma freira e uma turista inglesa. Após todas essas aventuras, apaixonou-se por Ana Plácido, mulher casada, que seria o grande amor da sua vida. Ambos foram presos e condenados por adultério. Nesse momento ele escreva a sua grande obra, Amor de Perdição.
Foi um escritor muito apreciado, pois escreveu sobre o ultra-romantismo, com paixões exacerbadas, o que era muito apreciado pelo público da época, o que lhe proporcionou viver da literatura.
ROMANTISMO NO BRASIL
Com a chegada da família real em 1808, a vida muda no Brasil, são criadas indústrias, o Banco do Brasil, a abertura dos portos entre outras coisas. Também o eixo econômico muda para a região de São Paulo por causa do cultivo do café e também para o Rio de Janeiro, no qual acontece o escoamento da produção.
Com esse progresso o povo começa a manifestar um sentimento anticolonialista, culminando em 1822 com a independência do Brasil.
A primeiro obra do Romantismo no Brasil foi Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836.
Em 1881 foram publicados dois romances que marcaram cronologicamente o início do Realismo/Naturalismo no Brasil: O mulato e Memórias póstumas de Brás Cubas.
O nosso Romantismo segue o europeu, mas apresenta algumas características específicas, que traduzia a realidade brasileira.
- Destaque para a “cor local”: incorporação da paisagem tropical de uma forma idealizada.
- Indianismo: como nós não contávamos com heróis medievais, foi buscado um legítimo antepassado nacional, essa busca resultou na valorização indígena, pois não tínhamos a época medieval. Para equiparar o índio a um antepassado medieval, ele sempre aparece como uma pessoa nobre, boa, corajosa, bela e verdadeira.
- Regionalismo: o sertão foi escolhido como paisagem de muitas obras, inaugurando uma corrente de nossa literatura: ficção regionalista.
POESIA NO ROMANTISMO BRASILEIRO
Ela pode ser dividida em três fases
- Primeira fase: preocupação em definir uma temática nacional. As principais marcas foram: nacionalismo (paisagem), saudosismo (infância), pessimismo (mal-do-século).
- Segunda fase: o mal-do-século prevalece nessa fase, também chamada de Ultra-Romantismo, quando romantismo é levado às últimas consequências (dor, angustia, sofrimento), sendo denominado “lirismo de descrença”, e o seu autor mais representativo é Álvares de Azevedo.
Nesta fase também aparecem traços inovadores, como a preocupação com o escravo (Fagundes Varela) e a renovação da linguagem (Joaquim de Souza Andrade).
- Terceira fase: a decadência da monarquia e as lutas abolicionistas são assuntos constantes na obra dos autores dessa época, com ênfase em Castro Alves, que se preocupa muito com a situação dos escravos.
POETAS ROMÂNTICOS DA PRIMEIRA FASE
Gonçalves Dias (1823 – 1864)
A sua obra abrange dois aspectos marcantes do nosso nacionalismo literário, o indianismo e a exaltação da pátria.
Também escreveu poemas lírico-amorosos, que revela a impossibilidade da realização dos anseios afetivos diante da mulher idealizada.
- Poesia: Primeiros cantos, Segundos cantos, Sextilhas de frei Antão, Últimos cantos, Os timbiras (inacabado).
- Teatro: Beatriz Cenci, Leonor de Mendonça.
- Outros: Brasil e Oceania, Dicionário da língua tupi.
Canção do Exílio – parte de contos literários
Canção do exílio

"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."

Casimiro de Abreu (1839 – 1860)
A sua obra tem três aspectos característicos: o pessimismo produzido pelo mal-do-século, a melancolia produzida pela saudade da terra natal e da infância e o nacionalismo.
- Poesia: Primaveras. Trata-se de uma coleção de poesias melancólicas e sentimentais pela maior parte, em que há uma grande simplicidade na forma se alia um sentimento apaixonado e veemente.
- Teatro: Camões e o jau.
POETAS ROMÂNTICOS DA SEGUNDA FASE
Álvares de Azevedo (1831 – 1852)
A sua obra em prosa é destacada pelo conto Noite na taverna, que apresenta criaturas marginalizadas como personagens de enredos ambientados em cenários escuros, tétricos.
A sua poesia é fortemente pessimista, mostrando que a realização amorosa e a felicidade são objetos inatingíveis. O eu-lírico mergulha sempre na depressão, no sonho e no devaneio, a morte é sempre lembrada.
- Poesia: Lira dos vinte anos, Conde Lopo.
- Conto: Noite na taverna.
- Teatro: Macário.
Fagundes Varela (1841 – 1875)
A sua literatura apresenta aspectos característicos do romantismo, como o lirismo amoroso, a exaltação da natureza, a religiosidade e o mal-do-século.
Mas também apresenta um aspecto inovador, como o caráter social, a América livre e a abolição da escravatura.
- Poesia: Noturnas, I estandarte auriverde, Vozes da América, Cantos meridionais, Cantos religiosos.
Sousândrade (1833 – 1902)
É um poeta que não se encaixa no romantismo, mas é colocado nessa classificação por ordem cronológica. A sua obra não foi bem aceita na época, pois a sua forma de escrever não era compatível com o estilo que predominava na época. Ele pode ser classificado como um precursor do Modernismo.
- Harpas selvagens, Guesa errante, Novo Éden.
POETAS ROMÂNTICOS DA TERCEIRA FASE
Castro Alves (1847 – 1871)
A parte mais importante da sua obra é a relacionada com à temática social, como a luta abolicionista e a campanha republicana.
O seu estilo de escrita, com muitas figuras de linguagem, vocabulário pomposo e altos voos de imaginação levaram a chamar o seu estilo como estilo condoreiro.
Na sua poesia lírico-amorosa, ao contrário dos poetas da sua época, a mulher é apresentada mais concreta e mais sensual.
- Poesia: Espumas flutuantes, A cachoeira de Paulo Afonso, Vozes d’Africa, Navio Negreiro, Os escravos.
- Prosa: Gonzaga ou a Revolução de Minas.

Exercícios:
29-2013
Lei o trecho do poema A mãe do cativo, de Castro Alves.
Ó Mãe! Não despertes est’alma que dorme,
Com o verbo sublime do Mártir da Cruz!
O pobre que rola no abismo sem termo
Pra qu’há de sondá-lo... Que morra sem luz.

Não vês no futuro seu negro fadário,
Ó cega divina que cegas de amor?!
Ensina a teu filho – desonra, misérias,
A vida nos crimes – a morte na dor.

Que seja covarde... que marche encurvado...
Que de homem se torne sombrio réptil.
Nem core de pejo, nem trema de raiva
Se a face lhe cortam com o látero vil.

Arranca-o do leito... seu corpo habitua-se
Ao frio das noites, aos raios do sol.
Na vida – só cabe-lhe a tanga rasada!
Na morte – só cabe-lhe o roto lençol.

Ensina-o que morda... mas pérfido oculta-se
Bem como a serpente por baixo do chã
Que impávido veja seus pais desonrados,
Que veja sorrindo mancharem-lhe a irmã.

Ensina-lhe as dores de um fero trabalho...
Trabalho que pagam com pútrido pão.
Depois que os amigos açoitem no tronco...
Depois que adormeça co’o sono de um cão.

Criança – não trema dos transes de um mártir!
Mancebo – não sonhe delírios de amor!
Marido – que a esposa conduza sorrindo
Ao leito devasso do próprio senhor! ...

São estes os cantos que deves na terra
Ao mísero escravo somente ensinar.
Ó Mãe que balanças a rede selvagem
Que ataste nos troncos do vasto palmar.
CASTRO ALVES. Poesia completa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1997, v. 1, p. 265
Considere as seguintes afirmações sobre esse trecho do poema.
I – O poema de Castro Alves é marcado pela denúncia da escravidão e pelo elogio ao índio, elementos típicos do Romantismo brasileiro.
II – O sujeito lírico dirige-se à mãe, aconselhando-a ironicamente a seguir as regras da sociedade escravocrata.
III – a mãe é apresentada como impotente diante do destino do filho; por isso lhe resta apenas lamentar sua ausência e chorar sua morte.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.

31 – 2011
Leia os fragmentos abaixo. O primeiro é de Luiz Gama, um ex-escravo que se tornou militante do abolicionismo. O segundo é de Castro Alves, conhecido poeta abolicionista.
1.
Escravo - não, não morri,
Nos ferros da escravidão;
Lá nos palmares vivi,
Tenho livre o coração!
Nas minhas carnes rasgadas,
Nas faces ensanguentadas
Sinto as torturas de cá;
Deste corpo desgraçado
Meu espírito soltado
Não partiu – ficou-me lá!...
Naquelas quentes areias
Naquela terra de fogo,
Onde livre de cadeias
Eu corria em desafogo...
Lá nos confins do horizonte...
Lá nas planícies... nos montes...
Lá nas alturas do céu...
De sobre a mata florida
Esta minh’alma perdida
Não veio – só parti eu.
2.
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d’amplidão...
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranque de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cum’lo* de maldade
Nem são livres p’ra...  morrer...
Prende-os a mesma corrente
- Férrea, lúgubre serpente – 
Nas roscas da escravidão.
E assim roubados à morte, 
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoite... Irrisão!...
* cúmulo
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações, sobre esses fragmentos.
(   ) Ambos os poemas foram escritos por abolicionistas que confrontam o passado, vivido em liberdade, com o presente, vivido sob a tirania da escravidão.
(   ) A opção pela primeira pessoa, no excerto de Gama, simboliza a resistência do escravo que, mesmo com o corpo preso, mantém o espírito livre.
(   ) As reticências do poema de Castro Alves reforçam o tom dramático que o eu-lírico imprime à cena descrita, da qual ele não par¬ti¬cipa, posto que é apenas um observador.
(   ) O segundo texto, ao descrever o movimento do escravo açoitado como uma dança, suaviza a violência do chicote e da própria condição servil.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a) V  –  V –  V –  F.
b) F  –  V –  V –  V.
c) V  –  F  –  V –  F.
d) F  –  V –  F  –  F.
e) V  –  F  –  F  –  V.

29-2007
Considere as afirmações abaixo sobre o poema Guesa Errante, do poeta romântico maranhense Joaquim de Sousa Andrade, ou Sousândrade.
I - Este poema narrativo baseia-se numa lenda quíchua, originada em regiões da Bolívia e do Peru.
II - A palavra guesa significa ‘sem lar’, em razão do assunto central do poema: uma criança roubada de seus pais que, depois de longas peregrinações, acaba sendo sacrificada ao deus Sol.
III - Apesar de distanciar-se dos processos de composição típicos do Romantismo, Sousândrade conserva, neste poema, a aspiração de definir uma identidade brasileira.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

Gabarito
B
A
C

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