segunda-feira, 25 de maio de 2015

Filosofia da Grécia Antiga

Os Filósofos Pré-Socráticos



A Filosofia nasce na Grécia por volta do século VI a.C. Os filósofos estavam em busca do princípio, da origem ou, melhor dizendo, do ser de todas as coisas. Para expressar o ser, alguns destes filósofos utilizaram o termo physis que frequentemente é traduzida por física, matéria ou natureza e estavam em busca do princípio de todas as coisas, ou a arqué. Assim, desde Aristóteles se supõe que eles estavam em busca de um princípio físico ou material de tudo, o que não é correto, pois, estavam, na verdade, em busca do ser das coisas. Em virtude deste equívoco, este período é também denominado naturalista ou cosmológico. Outra dificuldade, ainda, é que nenhuma obra destes filósofos nos chegou inteiras, mas somente fragmentos, geralmente encontrados em obras como as de Aristóteles e Diógenes Laércio que os citaram.
As principais escolas do período pré-socrático são: a escola Jônica, os Pitagóricos, os Eleatas e os físicos ecléticos. Todos refletiram sobre o princípio originário de todas as coisas.
A Escola Jônica:
a)      Tales de Mileto, para quem o princípio é a água;
b)       Anaximandro, seu discípulo apontou como princípio o apeíron: o indeterminado ou infinito;
c)      Anaxímenes, discípulo de Anaximandro, afirmou que o princípio era o ar.  
d)      Heráclito de Éfeso,  propõe a tese de que “tudo se move”, “tudo flui” (pantha rhei). Por isso, explica que todas as coisas são a harmonia dos contrários decorrente de uma guerra constante entre eles. Dentre suas fases famosas destacamos: “Nós descemos e não descemos pelo mesmo rio; somos e não somos”.
A escola pitagórica:
O principal representante foi Pitágoras de Samos. Caracteriza-se pela tese de que o universo é inteiramente harmônico e os números são o princípio de todas as coisas. Pitágoras observou que o som produzido pelo choque de um martelo batendo em uma bigorna depende do volume do instrumento, assim como o som de uma corda da lira, depende do cumprimento e da largura da corda. O que ele descobriu foi mais tarde importante para a filosofia da ciência – é que a regularidade encontrada nos fenômenos naturais, como as estações do ano, pode ser traduzida em abstrações matemáticas.
A escola eleática:
 Caracteriza-se por sua busca do ser. Xenófanes e Parmênides são seus principais representantes. Parmênides propõe a filosofia do imobilismo e ela se opõe diretamente ao pensamento de Heráclito, pois para este, tudo flui, enquanto para aquele, o ser não flui. Ele é sempre ele mesmo.
A primeira crise da filosofia foi provocada pelas posições antagônicas destes dois filósofos e a partir daí começam as tentativas de solução.
 A escola eclética:
 Empédocles (século V A.C.) propõe que o ser é o resultado da constante fusão de quatro elementos: o quente (fogo), o seco (terra), o úmido (água) e o frio (ar). As coisas surgem pela fusão ou separação destes elementos. Fundem-se pelo amor (philia) e separam-se pelo ódio ou pela discórdia (neîkos).

Sofistas



A Filosofia do período conhecido como sofística possui algumas características bastante particulares e até então, o termo “sofista” possuía um significado negativo: argumentos que têm por objetivo levar o adversário à contradição e ganhar uma disputa, seja com que objetivo for. Esta ideia levou Platão e Aristóteles a considerarem os sofistas relativistas em termos de moral.
A sofística, no entanto, exerceu ao menos, duas importantes modificações na filosofia que lhe era anterior. A primeira foi o pan-helenismo. Os sofistas dedicaram-se a ensinar qualquer um que tivesse condições de aprender, viajavam por várias cidades e, assim, contribuíram para a formação da cultura helênica de modo decisivo, especialmente na consolidação da língua grega. No entanto, ensinavam profissionalmente e cobravam para isto. Por esta característica foram severamente criticados por Sócrates e Platão que consideravam moralmente inadequado um filósofo cobrar por seu ensinamento.

A segunda modificação exercida pelos sofistas na cultura grega foi o deslocamento da pesquisa filosófica que antes se concentrava na physis e no cosmo, para o homem. O ser humano e sua linguagem passam a ser o principal objeto de reflexão dos sofistas, por isso, esta fase é conhecida como período humanista da filosofia em oposição ao período anterior denominado cosmológico.
         Protágoras (491 – 444 a.C., aproximadamente) teorizou o que ficou conhecido como homo mesura, ou seja, “o homem é a medida de todas as coisas. Assim, desloca o centro do conhecimento e da verdade, que antes se encontrava nas coisas, para o homem. Seu método era o da antiologia, segundo o qual para todo argumento era sempre possível encontrar uma proposição contrária. Por isso, diante da falta de certeza da verdade, toma como critério o que é útil e o que é conveniente. Por suas ideias, é considerado um dos pais do relativismo moral e do utilitarismo das  filosofias moderna e contemporânea.
Górgias (485 – por volta de 385 a.C.). Para responder à filosofia pré-socrática e sua pretensão de conhecer o ser, estivesse ele em movimento (Heráclito) ou fosse estático (Parmênides) “Como pode alguém expressar com palavras aquilo que vê?” Ora, pela palavra comunicamos somente palavras e não as coisas mesmas, assim, o conhecimento humano se concentra no mundo das palavras e não das coisas.

 

Sócrates

O período filosófico que compreende a sequência de mestres e discípulos: Sócrates, Platão e Aristóteles, é conhecido como Filosofia Clássica, o qual surgiu no período de decadência da Grécia. O século V a.C. é conhecido como o “século de Péricles” no qual a Grécia exerceu domínio sobre outros povos e Atenas sobre os gregos. Quando Sócrates começa sua obra, Atenas está em decadência e perde a hegemonia para Esparta na Guerra do Peloponeso (431 a.C.). Assim, encontramos no pensamento desse filósofo uma critica à decadência moral e um incitamento a uma ética rigorosa que recupere os valores dos helenos.
Sócrates (470 399 a. C.) nada escreveu, pois considerava que a filosofia deveria ser resultado do diálogo, a busca de uma verdade e não o oferecimento de uma verdade acabada, como os sofistas. Não construiu uma escola, ensinava na ágora, a praça pública grega, nas casas dos amigos e onde pudesse encontrar um grupo disposto a conversar. Seu método era a maiêutica. Esta palavra em grego significa parir, então, sua tarefa era a de parir ideias. Investigava o conhecimento dos adversários por meio de perguntas. Por exemplo, se alguém lhe dissesse que algo era justo ou injusto, de pronto respondia algo como: “que bom! Encontrei alguém que sabe o que é justiça, posto que eu mesmo não sei. Assim, diga-me, o que é a justiça?” Como se pode ver, a ironia era uma das características mais marcantes de seus diálogos.
As respostas dos adversários eram sempre insuficientes, pois o máximo que conseguiam era explicar a justiça a partir de um caso particular e não a justiça em si. Sócrates, então, dizia que seu objetivo era conhecer as coisas mesmas e não suas representações, por isso, investigava a justiça, o bem, a verdade, o belo etc.
Conversando com os outros, os especialistas em política, linguagem, arte, por exemplo, quis aprender com eles e descobriu que eles tampouco sabiam do que falavam, por isso, concluiu que era o mais sábio, não porque soubesse mais do que os outros, mas justamente, por que reconhecia a própria ignorância.

Platão


Este sábio ateniense nasceu em 427 ou 428 e faleceu em 347 ou 346 a.C. Enquanto Sócrates nada escreveu, seu discípulo mais conhecido foi um dos maiores escritores gregos e da história da filosofia. Sua obra foi produzida em forma de diálogos criando um estilo que seria, mais tarde, cultivado por outros filósofos. Ao contrário de seu mestre, porém, Platão não ensinava em lugares públicos, mas fundou uma escola chamada Academia.
       Platão descreve as dualidades entre o sensível e o inteligível, entre o fenômeno e a coisa em si. Esta é a teoria das ideias. Os fenômenos sensíveis são como sombras das ideias, por isso, por estas sombras jamais chegaremos ao conhecimento do que as ideias são de fato. Somente por meio da filosofia, do diálogo e da dialética chegaremos ao conhecimento verdadeiro das ideias e, portanto das verdades.
Alegoria da Caverna
             No livro VII da República, Platão descreve por meio da Alegoria da Caverna o que é a ilusão dos sentidos no conhecimento e o caminho para o mundo das ideias.  
Os homens acorrentados na caverna, de tal modo que não pudessem virar o rosto, viam somente as sombras dos objetos verdadeiros. No entanto, discursavam sobre estas sombras, davam-lhes nomes e adivinhavam-lhes a frequência com que apareciam. Um dos prisioneiros se liberta e, indo em direção à luz descobre que ela é produzida por um fogo artificial, cuja luz projeta a sombra dos objetos no fundo da caverna. Indo mais além, descobre um mundo inteiro fora da caverna e demora a se acostumar à luz do sol (o bem supremo). Voltando à caverna tenta libertar os companheiros e contar-lhes que o que veem não são as coisas em si mesmas, mas sombras. Estes não aceitam sua verdade e, se pudessem, o matariam. Ora fica claro que está falando do papel do filósofo que conhece a verdade, dos homens que se iludem com as sombras e de Sócrates que ao tentar esclarecer seus companheiros foi rejeitado.

Aristóteles



Aristóteles (384-322 a.C.) critica a teoria das idéias de Platão, principalmente a divisão entre um mundo sensível e um mundo inteligível. Ao retomar a problemática do conhecimento, distingue três tipos de saber:
A experiência ou conhecimento sensível, dado pelo contato direto com a própria coisa, é um conhecimento que se forma por familiaridade com cada coisa, é imediato e concreto e só nos permite chegar ao conhecimento do individual.
A técnica ou o saber fazer é o conhecimento dos meios a serem usados para se chegar aos fins desejados. A técnica não é mais o conhecimento do particular, pois já encerra uma idéia das coisas, participando do universal. Uma vez que encerra uma idéia, pode ser ensinada. A técnica dá o quê e o porquê das coisas.
A sabedoria (sofia) é o único tipo de conhecimento a determinar as causas e princípios primeiros; a única a poder dizer o quê as coisas são, por que são e demonstrá-las.
As noções universais, pertencentes ao âmbito da sabedoria, são as mais difíceis de se adquirir porque estão muito longe da sensação.
Quem escolhe o saber por si mesmo escolhe a ciência dos primeiros princípios e das causas, pois é isso que dá a finalidade a todo o trabalho. A sabedoria inclui a filosofia primeira, posteriormente chamada de metafísica, que considera o ser em geral, livre de toda determinação particular, buscando as causas e os princípios universais. O conhecimento, para Aristóteles, é uma somatória de todos esses modos de conhecer, sem haver ruptura ou descontinuidade entre eles. Na verdade, um não invalida o outro. Ao contrário, enriquece-o e, neste ponto, contradiz Platão.
                                                  A Ética de Platão
          Platão propõe uma ética transcendente, dado que o fundamento de sua proposta ética não é a realidade empírica do mundo, nem mesmo as condutas humanas ou as relações humanas, mas sim o mundo inteligível. O filósofo centra suas indagações na Ideia perfeita, boa e justa que organiza a sociedade e dirige a conduta humana. As Ideias formam a realidade platônica e são os modelos segundo os quais os homens tem seus valores, leis, moral. Conforme o conhecimento das ideias, das essências, o homem obtém os princípios éticos que governam o mundo social
         A virtude é definida, pois, como capacidade de realizar a tarefa que lhe é inerente. No caso do governante da cidade , a virtude inerente aos mesmos é a sabedoria; no caso dos guerreiros e , a virtude que lhes é própria é a coragem; por fim, no caso dos produtores de bens da cidade, a virtude própria é temperança. Dada a posição de cada classe, pode-se definir a justiça como cada parte fazendo o que lhe compete, conforme suas  aptidões. 
                                          A Ética de Aristóteles
A ética aristotélica, em oposição à ética de seu mestre, é imanente, tendo suas bases na realidade empírica do mundo, no questionamento acerca das condutas humanas e na organização social. As exigências com relação à vida na polis e a realidade do homem formam o conteúdo das ideias, e são ambas as responsáveis pela escolha dos valores, pela moralidade e pelas leis, pela definição das condutas dos homens. Sua teoria ética era realista, empirista em contrapartida à visão idealista e racionalista de Platão.
A virtude é definida por Aristóteles como hábito ou disposição racional constante, sendo a virtude o hábito que torna o homem bom e o capacita na boa execução de sua função. Esta definição se mostra oposta à de Platão: em que a virtude é definida como capacidade de realizar uma função determinada, inerente a alguma parte da alma humana ou da cidade ideal.
Há duas espécies de virtudes em Aristóteles. A virtude intelectual é adquirida através do ensino, e assim, necessita de experiência e tempo. A virtude moral é adquirida, por sua vez, como resultado do hábito. O hábito determina nosso comportamento como bom ou ruim. É devido ao hábito que encontramos a justa-medida. Exemplo: entre a audácia e a covardia se encontra a precaução com atitude que é a justa medida neste caso.






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