Política é o desafio nosso de cada dia.
Nós estamos em agosto de dois mil e quatorze, o pleito eleitoral se aproxima, e os candidatos proliferam nos meios de comunicação. Aos que assistem, se esses não provocam risos, a sensação de incredulidade é enorme. A crença coletiva que a política é o lugar de corruptos, dos ladrões, dos mentirosos, adicionada à inabilidade dos candidatos em comunicar suas propostas nos faz considerar o campo político como execrável.
Então refletimos que nos misturarmos com essa “podridão” não é uma opção a se considerar, porém o mundo ocidental desde os gregos passando por Maquiavel, Rousseau até os filósofos contemporâneos tem pensado a política: por um lado, fazendo uma leitura de sua realidade, por outro lado, tentando construir um projeto para reformá-la. Maquiavel, por exemplo, observando-a como espaço de uma cruel luta pelo poder e recheada de interesses particulares apartada dos valores judaico cristãos. Jean Jacques Rousseau idealizando um Estado democrático em que a vontade geral do povo seria superior a vontade individual, no qual a razão e o consenso seriam fundamentais para a construção de uma sociedade justa e igualitária. O fato é que a política deve ser uma preocupação de todo o cidadão, a despeito de nossas ocupações pessoais. Reservar um tempo para esta atividade é cuidar da coisa pública, é se preocupar com o coletivo. No Brasil chegamos ao regime democrático, graças a inúmeros líderes políticos a militantes anônimos que, na ditadura, sangraram para que hoje possamos votar em nossos representantes. Então tu vais me dizer que não adianta vivermos em uma democracia, considerando que nossos políticos são todos corruptos. Afirmação esta reforçada sistematicamente pela grande mídia modelando nossa opinião de que os ladrões estão em lugares específicos: no congresso, no executivo e às vezes até no judiciário. Sabedores que os ladrões estão lá, pensamos que só aqui estão os homens “de bem”, que no lado de fora a honestidade, a honra, o caráter dos homens é superior. Caro leitor, apesar disso, não vou contestá-lo, pois seriam argumentos versus argumentos o que nos levaria a discussões
Porém devo desafiar-te a provar tua tese, a partir do fato de que os cidadãos comuns: estudantes, professores, profissionais liberais, empresários, donas e donos de casa, e toda sorte de pessoas das classes mais baixas até a elite possam fazer política de qualidade com senso ético, trabalhando a partir de valores diferentes da política atual, pelo menos desta que aparece na televisão. Desafio-te a ser eleito, a representar sempre um grupo expressivo dos cidadãos e rejeitar propostas que privilegiem as elites ricas e poderosas. Desafio-te a fazer acordos políticos mesmo que as ideologias políticas não coincidam, mas que sejam para o benefício da população, e a não negociar teus valores sobre pretexto ou acordo algum. Por fim, desafio-te a lutar pelo poder sem ser seduzido por ele, sem esquecer-se de onde tu vieste, e a resistir às pressões dos poderosos.
Se realmente somos diferentes e melhores que os atuais políticos certamente faremos uma nova política, mais ética, mais justa e menos preconceituosa representando parcelas múltiplas e significativas da população. Alguém se habilita?
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